O telefonema do ministro Gilmar Mendes ao presidente Lula para reclamar de declarações do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, expõe mais do que uma rusga entre Poderes — revela o clima de intolerância à crítica instalado no alto comando da República. Ao questionar a decisão do STF que suspendeu processos sobre a pejotização, Marinho apenas fez o que se espera de um gestor público: expressar preocupação com o impacto social e institucional da medida. Mas, num país onde ministros da Suprema Corte não admitem sequer insinuação de divergência, a reação veio com fúria. Mendes se sentiu ofendido, ligou para o chefe do Executivo e tratou de dar lição de autoridade. Num regime democrático, o confronto de ideias deveria ser a norma, não a exceção. Quando o debate técnico vira motivo de reprimenda pessoal, o que se pretende é calar. E calar, como se sabe, é o primeiro passo para o autoritarismo.
Drykarretada!