
Dois jovens talentos da bocha paralímpica estão prontos para levar o nome do Distrito Federal às Paralimpíadas Escolares — Etapa Nacional, em São Paulo entre 24 e 29 de novembro. Alunos do Centro Olímpico e Paralímpico (COP) de São Sebastião, Yan Cardoso, de 15 anos, morador do Paranoá, e Lucas de Sousa, de 13, de São Sebastião, garantiram a vaga após se destacar no torneio regional seletivo e agora vivem a expectativa da maior competição estudantil do país.
Os treinos são realizados duas vezes por semana, e os paratletas utilizam a estrutura do COP de São Sebastião desde 2024. Segundo o treinador, Edson Tavares, a preparação tem sido uma fase de grande aprendizado e amadurecimento para ambos. “Os dois se dedicam muito. Tenho um carinho enorme por eles. O Lucas é um menino agitado, mas quando está jogando se concentra totalmente. Já o Yan compete na classe BC3, com o auxílio da mãe, que direciona a calha. Ele faz os sinais para ela e empurra a bolinha. É lindo de ver — ele se envolve, se diverte, sorri. Quando a mãe erra, ele brinca dizendo: ‘a culpa é dela, não é minha’”, contou o treinador, rindo.
Lucas de Sousa é agitado, mas se concentra muito durante as partidas de bocha Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília
Sobre Lucas, o professor acrescenta: “Ele é agitado, mas quando acerta uma jogada, comemora: ‘Eita, acertei, professor, você viu?’. E quando não acerta, já me olha daquele jeito, sabendo o que eu diria. É muito bacana ver essa relação deles com o esporte”.
Segundo o secretário de Esporte e Lazer (SEL-DF), Renato Junqueira, os centros olímpicos e paralímpicos têm sido fundamentais na formação e no desenvolvimento de diversos atletas. “Ver nossos paratletas de bocha do COP São Sebastião se preparando para o campeonato nacional é motivo de grande orgulho. Isso mostra que o esporte está transformando vidas e fortalecendo a inclusão social no Distrito Federal”, afirma.
O treinador Edson Tavares ressalta a importância dos COPs para o desenvolvimento dos alunos por meio do esporte
O treinador destacou, ainda, a importância do centro no desenvolvimento dos atletas. “Temos um suporte muito bom aqui. Temos dias fixos de treino, materiais adequados. Quando o Yan ainda não tinha a calha, o centro forneceu uma para a gente. Temos dois kits de bocha muito bons e bem conservados, o que é importante, já que não é um esporte barato. O núcleo PcD [Pessoa com Deficiência] também ajuda a conservar os materiais”, explicou.
Como funciona a bocha
A bocha paralímpica, praticada por atletas com alto grau de paralisia cerebral ou deficiências motoras severas, chegou ao Brasil na década de 1970. O esporte consiste em lançar bolas coloridas o mais próximo possível de uma bola branca, chamada de jack ou bolim. Ao todo, são 13 bolas: seis vermelhas, seis azuis e uma branca.
Durante a partida, dois atletas, um com as bolas vermelhas e outro com as azuis, competem sentados em cadeiras de rodas, dentro de um espaço demarcado para os arremessos. É permitido lançar as bolas com as mãos, com os pés ou por meio de instrumentos de auxílio, como as calhas, além de contar com o apoio de um ajudante (o calheiro), no caso dos atletas com mais limitação motora. Vence quem conseguir posicionar as bolas da sua cor mais próximas da bola branca.
Josi de Sousa aprova a estrutura de treinamento que o filho dela, Lucas, recebe: "É um espaço muito importante, uma bênção. Ajuda na qualidade de vida do Lucas e dos outros alunos"
O atleta Lucas contou, tímido, que está muito feliz por disputar mais uma competição fora do Distrito Federal. “Sim, muito feliz”, respondeu, com um sorriso. Será a segunda vez que ele viaja para competir em outro estado. Questionado se estava com medo, negou com a cabeça. Sobre as disputas locais, respondeu que foi bom participar.
A mãe de Lucas, Josi de Sousa, 37, contou que está ansiosa para acompanhar o filho em mais uma competição em outro estado. “Estou muito ansiosa, porque no ano passado a gente viajou e foi uma experiência incrível. Esse ano estamos na expectativa de novo, porque é uma viagem muito boa para ele. A bocha traz diversão, alegria, é muito bom”, disse.
Josi destacou a importância do Centro Olímpico e Paralímpico para o desenvolvimento do filho. “É um espaço muito importante, uma bênção. Ajuda na qualidade de vida do Lucas e dos outros alunos. Ele começou na natação, depois conheceu a bocha, e já está nesse esporte há uns três anos”, lembrou.
Drykarretada!