Os negociadores do Brics concluíram neste sábado, 5, o debate para o grupo adotar uma manifestação de consenso na Cúpula do Rio. Eles contornaram impasses que dominaram discussão ao longo da semana sobre o comunicado que será emitido neste domingo, dia 6, em nome de suas lideranças políticas. Diplomatas envolvidos nas discussões relataram que o Brics caminha para elevar o tom contra os ataques sofridos pelo Irã, mas não no teor que Teerã desejava. Insatisfeitos, diplomatas iranianos ouvidos pelo Estadão questionaram se esse era o momento para “moderação” do Brics, mas dizem que às vezes é preciso tempo.
QUESTIONAMENTO – Um dos iranianos chegou a mencionar que, se a Rússia estivesse à frente do Brics neste ano, em vez do Brasil, o entendimento seria outro, com maior enfrentamento aos Estados Unidos e a políticas de Donald Trump. Por sediar neste ano a COP-30, o Brasil inverteu a ordem com Moscou.
A versão final da Declaração de Líderes do Rio deve ser oficialmente adotada pelos líderes no primeiro dia da cúpula. O teor completo do documento ainda não é púbico. O principal entrave foi demover a pretensão do Irã de mencionar uma “condenação veemente” aos ataques aéreos realizados por “EUA e Israel”, além de criticar ataques apenas à infraestrutura civil iraniana, sem mencionar danos causados por seus mísseis balísticos em Tel Aviv, como antecipou o Estadão. A delegação iraniana também manifestou insatisfação com o termo usado para se referir a Israel, que é classificado pela cúpula iraniana como “entidade” ou “regime” sionista – termos considerados ofensivos em linguagem diplomática, e que o Brics não adotaria.
MODERAÇÃO DIPLOMÁTICA – O Irã estava insatisfeito com o fato de o Brics ter emitido uma declaração que não citava Israel e os Estados Unidos, na semana passada, ao se pronunciar pela primeira vez sobre os ataques. O grupo expressou “profunda preocupação” com a ação militar, um termo moderado em linguagem diplomática.
O impasse com o Irã reforçou as dificuldades que Cúpula de Líderes dos Brics vem sofrendo, que reduzem seu peso político e podem afetar a repercussão de um dos eventos mais importantes da estratégia de inserção internacional do governo Lula. Durante a semana, o Palácio do Planalto admitiu a possibilidade de ausências, sobretudo de países do Oriente Médio, o que torna a reunião uma das mais esvaziadas dos últimos anos. A diplomacia brasileira trabalhava para contornar o esvaziamento da reunião. Os negociadores tentavam evitar que a ausência dos principais líderes políticos atrapalhe consensos em temas sensíveis, como guerras, o tarifaço comercial e o acordo em torno da proposta de reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A intenção da chancelaria brasileira é mandar um recado global pela “preservação do multilateralismo”.
RECUPERAR APOIO – Neste sábado, a presidência brasileira trabalhava para recuperar um apoio mais explícito ao Brasil e à Índia, no capítulo em que o bloco faz uma proposta de reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ambos países almejam ocupar uma vaga permanente. Um negociador afirmou que seria possível avançar em relação ao que ocorreu na Cúpula de Kazan, no ano passado, quando houve um revés para o País, por resistências da Etiópia e do Egito à menção conjunta de Brasil, Índia e África do Sul. O principal entrave foi demover a pretensão do Irã de mencionar uma “condenação veemente” aos ataques aéreos realizados por “EUA e Israel”, além de criticar ataques apenas à infraestrutura civil iraniana, sem mencionar danos causados por seus mísseis balísticos em Tel Aviv, como antecipou o Estadão.
Ponto de Vista: Depois da derrocada na política interna, com a progressiva queda de popularidade de Lula, termina também o sonho da política externa. Perseguindo o Prêmio Nobel da Paz, Lula conseguiu antecipar sua gestão do Brics para este ano, mas deu tudo errado e agora o criador do petismo mostra quem daqui para frente, tem um encontro marcado com o fracasso. (C.N.)
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