"No dia 26 de abril passado, a TV Globo do Rio comemorou em grande estilo seus 60 anos de existência. Mas prefere esquecer outro importante aniversário de 60 anos, que vai transcorrer dia 27 de maio, quando em 1965 o então presidente ditatorial Castelo Branco aprovou a portaria 163 do Conselho de Telecomunicações (Contel), que ilegalmente passou ao controle de Roberto Marinho a concessão do canal 5 de São Paulo, que fora outorgada à empresa Rádio Televisão Paulista S/A. Na verdade, não faltaram ilegalidades na vitoriosa carreira do consagrado jornalista carioca, filho de Irineu Marinho, que assumiu a direção de O Globo com a morte do pai e criou o um dos maiores conglomerados de comunicação da América Latina.
CRIMES COMPROVADOS – A série de crimes e fraudes que Roberto Marinho cometeu foi inteiramente comprovada na Justiça, mas o empresário carioca jamais sofreu condenação, devido a sua participação direta no golpe que derrubou o presidente João Goulart, assim como sua atuação depois, durante o regime militar.
Sua dedicação aos governantes ditatoriais chegou a tal ponto que há alguns anos seus três filhos – Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto – fizeram uma confissão de culpa numa edição especial de O Globo, em que reconheceram os erros cometidos pelo pai ao apoiar a ditadura. Essa dedicação total aos militares teve um preço que Marinho cobrou, ao construir uma fortuna colossal, que levou seus três filhos a constarem entre os “empresários” mais ricos do mundo.
VERDADEIRO DONO – Sem a TV Paulista, que usurpou logo no início do regime militar, Marinho não teria a mesma facilidade para erguer seu império. O verdadeiro dono era o então deputado Ortiz Monteiro, do PTB de São Paulo, que não teve como enfrentar Marinho e muito o temia. Somente após a morte de Ortiz Monteiro é que seus herdeiros entraram na Justiça contra Roberto Marinho e a TV Globo. O processo reconheceu as ilegalidades e fraudes cometidas, mas a Justiça foi favorável a Marinho pois os magistrados também sempre temeram enfrentá-lo. No entanto, até hoje o processo administrativo não terminou no Ministério das Comunicações, porque foram encontradas novas provas dos crimes, que podem até propiciar a reabertura da ação judicial.
EMPRESA QUE SUMIU – Em decorrência desse processo administrativo, diversos órgãos do governo federal devem analisar proximamente documentos obtidos na Junta Comercial do Rio de Janeiro e que, em 3 de fevereiro de 2022, geraram a seguinte manchete na Tribuna da Internet:
“Acredite, se quiser! Empresa com capital de R$ 10 mil rendeu à Globo US$ 2,8 bilhões em 5 anos”. Hoje, seria uma fortuna superior a R$ 15 bilhões. Era a empresa GME Marketing Esportivo Ltda., então, dirigida por mais do que competentes ex-funcionários do chamado Grupo Globo. A GME, que negociava contratos com a CBF, e Fifa e patrocinadores da Copa do Mundo, estrategicamente desapareceu do mapa. Mas não conseguiram apagar suas digitais".
Drykarretada!