O caso dos familiares de um policial ameaçados de expulsão por facções criminosas na Barra do Ceará escancara, mais uma vez, a falência operacional e moral da segurança pública no Ceará. Não se trata apenas de mais um episódio isolado de intimidação territorial, mas de um símbolo do colapso da autoridade estatal frente ao domínio ostensivo do crime organizado. Quando nem a família de um agente da lei está segura dentro de casa, a mensagem transmitida à população é clara e devastadora: quem manda nas comunidades não veste farda, carrega fuzil e se comunica por siglas grafitadas nos muros. É revoltante que, diante de uma ameaça dessa gravidade, a resposta do Estado resuma-se a uma "investigação" protocolar. Onde está a operação ostensiva imediata? Onde está a ação exemplar para proteger os alicerces da lei e da ordem? Se o aparato estatal não é capaz de defender quem jurou defendê-lo, o que resta ao cidadão comum, cercado por medo e abandono?
O Ceará tem convivido com uma normalização cruel das “expulsões” – eufemismo para o terrorismo cotidiano imposto pelas facções. As vítimas, na maioria pobres, agora incluem até mesmo os que se dedicam à missão de enfrentar esse sistema. E enquanto a Draco investiga, a facção age. Enquanto o governo divulga números, a tinta escorre nos muros como sentença de morte. Não se combate crime organizado com burocracia, mas com coragem, estratégia e presença. O que se espera das autoridades não é mais uma nota protocolar, mas um posicionamento firme que prove que o Estado não se ajoelhou. Se nada for feito, a próxima família expulsa será apenas mais uma estatística – e o próximo policial ameaçado, mais um a reconsiderar sua farda. Porque quando o crime põe o Estado de joelhos, é a democracia quem apanha.
Drykarretada!